Uma 'Constituinte' para o Salão de Humor
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segunda-feira, 23 de maio de 2011 |
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Salão de Humor de Piracicaba
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Passados 38 anos desde sua primeira edição, ao atingir a plena maturidade, o Salão Internacional de Humor de Piracicaba apresenta-se como uma mostra a ser aperfeiçoada, debatida, regulamentada, para ser legitimado perante a sociedade local, nacional e internacional que gira em torno dele.
Um passo importante foi dado neste ano. Em anos anteriores, os artistas tinham liberdade para enviar quantas obras quisessem. Aos estabelecermos o limite de três obras
por artista, no regulamento desta edição do Salão, pretendemos alertar aos participantes sobre o nosso compromisso com a qualidade das obras e não com a quantidade do material enviado. Se antes, os Correios do Brasil e dos demais países do mundo que nos freqüentam tiveram um papel decisivo, hoje com a chegada dos cartuns via internet, temos que imprimir novos contornos para que a qualidade se faça presente.
Outro passo que julgamos adequado é a renovação nos corpos dos júris de seleção e premiação. O artista convidado para esta atividade no salão de hoje só voltará a participar nesta mesma condição daqui a alguns anos. A repetição de jurados - são raros os conhecedores destarte - pode sugerir uma "expertise" repetitiva para o ciclo de vida do Salão. Renovar com qualidade será a meta a ser buscada nesta 38ª Mostra.
Mas há ainda lacunas imensas a serem preenchidas, para que o Salão seja regulamentado, evitando com isso que sua Comissão Organizadora, o Secretário de Cultura de hoje e amanhã, o Prefeito de hoje e amanhã, a Câmara de Vereadores de hoje e amanhã, possam lidar com ele de forma fecunda, transparente, democrática, evitando os constrangimentos naturais para mostras que demandem debate, premiação, circulação de ideias, recursos públicos e, especialmente, avaliação entre pares . Preferencialmente quem deve julgar a arte são os artistas.
O estabelecimento de convênios formais para a difusão dos conteúdos do acervo, de mostras temáticas, trabalhos vencedores, entre outros, há que ter igualmente um formato legislativo permanente, para imputar responsabilidades aos organizadores locais e aos interessados em levar mostras do nosso Salão pelos quatro cantos do país. A construção e divisão destas responsabilidades sugerem uma parceria longeva e perene, sem sobressaltos a quem estiver no poder e , especialmente a quem couber a tarefa de organizar aquela edição do Salão. Ao aproximar - s e dos 4 0 anos, o Salão não pode ser saudosista e deixar de perceber que a sociedade mudou e que com ela, a tecnologia nos está trazendo desafios contemporâneos imensos, pluralidade gigantesca de idéias, formatos, cores, nacionalidades. Enfim, o nosso Salão é hoje um caleidoscópio internacional de grande vigor.
Mas se a China vem ao Salão, se a Moldávia vem ao Salão, se o Irã vem ao Salão, o Salão não vai a Europa, à América, à Ásia, África e sequer a América Latina que nos envolve como identidadecultural. É preciso ousar, para que Piracicaba deixe de ser apenas um centro de exposições e se torne um centro de fomento à cultura digno deste nome e da projeção internacional que adquiriu.
Por isso é chegada a hora da nossa "constituinte". Pensaremos - e certamente trabalharemos - para o êxito do nosso Salão aos 40, 50, 60 anos. Deixaremos um legado imenso a esta cidade, à região, ao país do século XXI e ao mundo. Mas precisamos do apoio irrestrito da comunidade local para avançarmos mais; dos artistas, dos empresários, da imprensa, dos poderes constituídos e da comunidade internacional para que a continuidade desta grande movimento cultural seja marcada pelo profissionalismo, pelo respeito permanente ao pensamento democrático e,especialmente, pela criatividade.
Adolpho Queiroz, Carlos Colonese, Fausto Longo, Luis Antonio Fagundes e Zélio Alves Pinto - fundadores do Salão Internacional de Humor de Piracicaba
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